quarta-feira, 14 de maio de 2008

Responsabilidade pelo sonho

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Uma questão mais especial, entre as que acabamos de enunciar, é a que se refere aos sonhos.

Os tibetanos acreditam que estes se devam às deambula­ções do "duplo", parcialmente liberado, durante o sono, por nosso estado de passividade. Tsong Khapa, o Reformador do clero tibetano, funda­dor da seita dos Guelugspas, não hesita em declarar que os atos que cometemos em sonho acarretam, para nós, do ponto de vista moral, as mesmas conseqüências dos atos cometidos no estado de vigília.

Outros vêem a questão de modo diferente. As ações praticadas em sonho, dizem eles, não acarretam para nós nem culpa nem atribuição de méritos. Apenas de­notam nossas tendências habituais, nossos desejos, nossos pensamentos no momento do sonho, e, de diversas maneiras, refletem o conteúdo de nosso "eu" íntimo, a composição transitória de nosso ser. Examinar nossos sonhos é, pois, instrutivo, e nos ensina a conhecer-nos.

Mas o que acontece com os atos que cometemos no so­nho, com os sentimentos que então manifestamos? Será que não têm nenhum resultado? Não devemos acreditar nisso.

Nada do que aparece, do que se manifesta, num ou nou­tro plano de existência, pode ser apagado, anulado. Tudo se transforma continuamente, nada dura, e, ao mesmo tempo, nada se destrói. Os elementos das cenas que vemos em so­nho, os personagens que aí encontramos, os atos que come­temos, são parte de nós mesmos, ligados às múltiplas causas que nos formaram, às causas que, amanhã, constituirão o novo indivíduo que seremos: não mais o mesmo de ontem, e não diferente dele.

Ser "responsável" significa ser "causa"... Ser um renas­cimento numa série imortal de renascimentos.

Fonte: ALEXANDRA DAVID NEEL
“REENCARNAÇÃO E IMORTALIDADE”
Edições Ibrasa

Um comentário:

Átomo disse...

Sonho, ou talvez não...

Estava no espaço, completamente livre, como se estivesse a flutuar no ar, acompanhada de outras pessoas que eu não via, mas sabia que estavam lá. Olhei para baixo e vi o planeta Terra como uma bola, lindo, azul com manchas brancas. Comecei a descer e a aproximar-me da Terra, sentindo um grande bem estar e alegria por regressar e exclamei: que bom, vou voltar para o colo da mãe!